segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Três em um

Maré



São coisas simples quando sentidas, que se desmancham em profundezas,

Onde de tal forma perde-se as sílabas, como aves que esmiuçam seus rastros.

O início do amor é dar-se conta de uma paz e um póstumo pavor, infantil insegurança engolida à talo.

Assim é.


É tanto ar para o pulmão, que o coraç.ão não se controla a bater mais forte;

Te respirei
Te respirei, tão suada nesse inverno.
Caí por um beijo como se estivesse num abismo invisível,
Incontrolável foi a queda, minuciosa e refrescante.
Senti-me ao entorpecente voraz da fragrância inconfundível ,
Pertinente ao perfume tênue de moça sem semblante.

Sem semblante.

(Há desejo em só respirar isso, torturo-o a gritar que não)

Foi , pouco só , fogo imprevisível e tão incerto em sua imagem,
Enganando-se em queimar, se expondo ao por-do -sol.
Olhos bêbados, balbuciando a fragilidade do instante, bastante.
Caí em lábios  fugazes, felizes e, apenas, de viagem.

Agora , acho que falo para ti

Criança tola para com o domínio de matéria!!
O que  és , ao existir? De que vale?
Sinto a dor de fome obesa da miséria...
E só porque, querida , há tua carne!

Rasguei- me nas raízes, e logo nestas que  não vejo.
Por onde voam  as aves, que esmiuçam seus rastros?
Não existem meios , ou fins de liberdade à tal desejo.
Só o cheiro teu ,que se propaga por campos vastos!

Não vejo,  não vejo.
Dou a palavra para o fim da perda do meu ensejo ...
És adrenalina, endorfina, morfina , cocaína!

Menina,

Não vejo cores, não vejo flores, fui anti-razão a voar.

Vi flores, sei la se cores, sou um romântico sem classe.
Foram-se tantas as desculpas, ou pouca que faltasse...
Que não serviram para a maré não chorar.

- Lembro-me, que te respirei -

Tanto que caí em um abismo de início invisível, 
Como se estivesse a beijar,
Senti ondas quebrando, sem padrão, em alto mar.
Flácidas e gélidas e sujas e vorazes e úmidas para queimar. 
Fortes e baixas, e atiradas e homicidas e esculpidas de luar
E brutas e barulhentas e breves e vastas  e pausadas no ventar.

Até que, finalmente, cansei... Querendo me afogar,
Engoli, assim, o ar das águas, escutei o céu bem devagar.
De tal modo, que não consegui
Não consegui mais te respirar!


Inefável

Surdo com o escândalo
Da beleza
Da perda
Da tristeza
Inefável.


Não há certeza no amor,
Ridículo
É fazer festa na prisão.


E estar sozinho


Para o amar inabalável
Contra a anáfora do sofrer,
Sem ter pra quem dizer...
O quanto é inefável.


Ele calcula ,em razão das palavras,
A liberdade de amor previsível
Enquanto chora quieto, no silêncio,
Urrando eternamente o indizível...


Que engasgar é mais do que ter medo,
Pois não há desculpa de engano,
Não há mais volta pro que foi cedo.


E por entre as veias,
Introduz-se algo,
Para fugir, leve,
Do estável.
Não há lugar,
Se logo vem nova felicidade.
Pois sentir-se livre,
Sem dor,
De puro amor,
Sentir-se inviável,
Para além da saudade...
É de forma crua
Inefável.

Sensação


S
urgi, exasperado, pelo seu corpo quente , meio que de repente,
Como luz que brilha a náusea em viajados olhos de estrada.
Surgi, como um bêbado perdido em recados de qualquer gente,
Procurando uma flor, uma frase copiada, uma paixão roubada.



E ainda assim, amei-a toda e meia, em goles de angústias destiladas,
Gritei mil trezentos e cinquenta palavrões necessitados de apego,
Sem saber e sentir, sem poder , por fé fretada, mentir meu desespero
Afásico por ela, louvada , que se vai feita de forma pura e exagerada.


sábado, 6 de novembro de 2010

Delírio


Não é por si só,

Nada.

Tento lembrar,
Perco o que tento lembrar. - Uma pétala-

Não tinha certeza, catava pedaços na memória
Boiando como nada ao todo etílico,
Que , por ventura,evaporou em uma história;

Só me lembro do cheiro, que me visita, de repente.

Não sei o que sinto,
Quando vejo
Invento ou minto.
Ela mente.

São seus pretextos que se desviam
Das trajetórias, da maior doçura do medo.
Mas sei todos os desertos de seu corpo...

Que nunca percebi nenhum segredo,
Que não fosse o cinismo de seus olhos,
A paz de Lírio do seu sorriso.
O brilho de Lírio em seu lábio, já cedo.
Sua pele de Lírio.
Seu doce perfume de Lírio.
Delírio!

Agora, riria

Uma taça cheia, uma companhia vazia,
Aonde está você, quando me dizia,
Quando não fazia e ,assim , sorria ?

Ela mentia.

Perdia-se no tempo, me perco do tempo.
Incontinênti.

- Transparência branca de Lírio-

Eu chorei quando exauriram o perfume dessa flor,
Ah, era o vento!
Mas, assim , fiquei sorrindo e ,desesperadamente, chorando.
Cantando...

Para a paz do meu delírio.

Rasguei minha síntese radical sobre o universo,
Porém, logo, passei a fazer o inverso...
Faço o inverso, do cheiro dela ao meu verso.
Procuro e me perco, pelas palavras pouco puras...
E a odeio, enquanto comigo , sozinho, converso.

Contudo, amo por cansar-se de existir , em falta com tudo.
E só terra existe, agora, no latifúndio de meu jardim
De lírios que eram sem fim, e suas gotas que ficavam evaporando.
Na verdade, sempre existiu. Eu só estava idealizando,

Delirando... Delirando...Delirando.

domingo, 26 de setembro de 2010

Desconstrução

 Razões são riscos retos e rasos na memória,

Olho em volta, dou uma volta
E o céu pesado e cinzento...
Tropeço na noite e lá estão minhas garrafas,
Descontruo diálogos e imagens, emendo.
Desconstruo meu mundo, e não sei pra que estou.
A cada nova parada, aperto minha mão.
"- Prazer !"
Eu estou certo da incerteza que sou.
No alto, nervoso, niilista no auge de negação.
E tudo que quero amar é nada,
É insuficiência de afirmação.

Olho em volta e dou uma volta,
Me olham à volta, me dão tantas voltas...
Mas capto somente o sorriso e levo...Embrulhado ...
O céu tão cinzento e pesado ,
E tão infinito quando refletido nos olhos.
Caminho calado, cansado , caindo em conversas,
Só de ouvir e nada sentir, desconstruo minhas promessas ,
E o nirvana , nesse agora da noite , não para ...
Para não se calar, no anonimato da coisa rara.
E sua hora está tão cara!

Lá estão minhas garrafas!

Pisco forçadamente em busca de outro foco,
Retalho redes de relações e mentiras, ruídos do "não".
- Estou fraudando o intuíto clandestino.-
Gargalho sozinho, sintetizando toda imaginação.
Não faço, não vejo, mas crio a ação,
E me governo como um tirano totalitário,
Sem piedade ou qualquer senso de pleonasmo.
Só pra poder tentar me libertar...
E prazer, com força de vontade, criar!

O céu está tão pesado e cinzento.

Observo a minha volta, contra o vento.
Respiro cada detalhe, anistía ao momento ,
E uma tímida e encolhida poesia.
-Está frio- E o retrato, o que fazia?
Sorrio... 
E o céu aqui, condescendente e iníquo,
Enquanto , ando ansioso por algo inebriante,
Tão pesado , cinzento. Barato amante.

Baixo a cabeça como um ato de nobreza,
Só pra pensar, levanto-a com a imprudencia de um bocejo.
Olho e tropeço (pousou um pingo).
No instante não entendo o que vejo,

A minha frente, um perfume, uma contra- razão, algo que me quer
Um rosto, um sorriso a viver em raro quinhão, a se recolher da fé,
Para ser
Uma menina, uma brisa efêmera, uma mulher.
Uma energia que ali, eterna, não vai envelhecer,
Ah! Acordarei depois, pois hoje promete chover.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mil motivos para não chorar em seu sorriso de ausência

Uma piada mal contada e um centavo de desconfiança,
Chorar a pouca aposta do provável, e depois sorrir.
Fui te perder e me prender sem ter fiança,
Sou um bandido inocente , sem idéias para mentir.

Tenho mil motivos para idealizar um filme de drama,
De salvar o vilão e matar a dama.
De negar o prazer de quem  ama,
E vulgarizar o cenário de uma cama.

Tenho remédios amargos, cigarros sem marca, assoalhos...
Panos, jogos , drinques , truques e retalhos.
O hipérbato, a hipérbole e alguma cura ,
O raciocínio e a gargalhada da loucura.

Sem muita hora, agora, tenho uma tragédia engraçada,
E mil motivos para não chorar, em seu sorriso de ausência.
Tenho tanto que tropeço em minha palavra roubada.
Sou ator, que morre, sangrado , na vivência...
E , aos berros, descansa com a dormência!

Depois, acorda pros lábios, divorciados com o teatro.Não há aplauso.
Então, pauso. Roubo mil motivos para não sofrer, e agradeço...
Pois paixão imperecível não desfila por preço.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Baú

Guardo em mim um céu, que se destrói
Não se cabendo em tamanho niilismo e paixão,
Que se subverte , e sem tempo de cansar, se inverte,

Guardo em mim, toda essa coisa maior que a negação.
(Ela)
Algo abstrato e imenso,
Mas que sumiria em seu sorriso, sem qualquer senso...
Pagando parcelas pelo pecado,
(Eu)
Dormiria eternamente em seu abraço,
E a deixaria, depois , ir sem algum recado.

Guardo em mim manchas de chá
Biscoitos de mofo e mágoa.
E uma festa que não há.
Guardo em mim 3 bilhões de estranhos,
Que se enxergam sem saberem contar.

Guardo tanta coisa quanto o mar!
Guardo e depois perco,
Guardo e depois a perco, sem ar.
E me visto de poeta
Só para poder achar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Constar

Fosse com o olhar cheio e distante,
Fosse como uma amante,
Caçando mentiras para gabar a vaidade,
Para embriagar a ingenuidade...

Não estaria tão longe, não estaria aqui
A ponto de não conseguir ouvir,
De não poder ouvir, como antes.
É um cansaço ter que decidir!

Acabou! Nosso instante esfriou com o café,
Os versos voltando, Seus olhos brilhando,
Enquanto o dia não se aguentava de pé.

Fosse com um sorriso mais calmo, com um sim ...
Mas enfim, não há o que insiste.
Digo, só , ainda bem que você existe.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Contemplando uma mentira

Extraviado, um estranho ou um perdido satélite desregulado,
Impulsivo como um risco de fósforo contra a caixa.
Se me achas, não sei , enquanto dou um show como um mal amado.
E a musica se apaga, a luz se cala e você não encaixa, não encaixa.

E se constrói na covardia da tua beleza,
Esvaindo-se no respirar pesado e inseguro de tristeza.
Como te amo com desprezo! E mesmo assim me derreto,
Compondo, ainda sóbrio , aquilo que não converto.

És o mar que mergulha contra o continente,
Faz a arte, o desejo, a festa e depois mente.
E não sai ... Eu não aborto da minha mente.

Talvez, porque não queira, eu
Ou, talvez , também, porque não saiba,
Cego e crente, que ninguém te envelheceu.



segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Subconsciente

Vai fundo , como um mergulho em águas negras e profundas,
Um fôlego incerto, uma sensação perdida
Vou fundo...
Conhecendo e perdendo
Uma chuva forte como um paladar silencioso.
Uma forma de idéia.
Labirintos e caminhos a se perder...pra acordar
E esquecer...
E não convencer...

Que as idéias se infiltram e se camuflam.
Mas nunca deixam de habitar...
E adormecem...E em seus próprios esquecimentos transparentes
Esquecem-se ...continuando lá.
Aonde estou?

O coração disparou, mas não sentiu que acordou
Ou talvez sim,
Tudo caminha sem se afirmar,
Insanos impactos inócuos...
Será que estou ileso?

Vou fundo num mergulho em águas negras e profundas
Como um anfíbio bastardo, em um pântano.
Vai fundo!
Rastejando-se pelo orgasmo da ânsia delirante...
Alcançando os pedaços de fibras, entre as vértebras das imagens,
Flashes, passagens , pesadelo e realidade...,vaidade
Barulhos, medos, sussurros, choques...
A crueldade nua da verdade!
Tudo dormente....
Até voltar a disparar...
Sol, sol, sol ,sol ,sol , música, sol e sol...

No início do dia ,então,
Mergulho em águas limpas e claras...
Tão rasas e claras...
Tão claras

Apenas claras

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Momento de bar

Estava para chover aquele dia , ou ,talvez , para a chuva parar.
Não era dia, não era tarde.Veio uma cerveja para parar e comparar.
Do tempo tem-se algo para falar. - Mas , cara, para e não compara!
-Olhe na minha cara e não diz que a gelada é cara.

Da noite vinha vida, vi da vizinha algo piscar
Marcela, o nome dela ou algo do tipo...
Tipo, não conseguia lembrar.

-Já cansou , já cantou, ou ta sem jeito, Jão?
-São muitas horas para estar são.
-Sai mais outra loira, uns beliscos com pão...!
-Um copinho com aquele quentão!

Agora é madrugada, sinto a brisa da praia,
Mas aqui não tem mar,
Não.
- Foi bom você lembrar.
Fecho o olho e ,então, volto a comparar.

-Tens ainda troco?... Pois o meu já é pouco!
-Já gritei, já tou torto, já tou rouco.
E como loucos, vimos a vizinha Daniela voltar...
-Não era Marcela?
Quero ver o nome sambando da boca dela...
-Pergunta pra ela!
-Oi tudo bem?
-Não vem. Já era!
Não colou, perdi a fala...
- Cara, vira isso logo e paga!

-Para!

-Tenho uma incerteza fugaz
Para beber, não sei o que me faz
Inverto a fala,
Não me dão alguma pala.
O que esta vida me traz?
Ja sei. - Daqui pra trás nao bebo mais!

sábado, 24 de julho de 2010

O pré-concerto da revolta coletiva

Por estar preso ao abraço de tudo que nos fizeram acreditar,
De que o amor não pode ser fugaz,
De que na vida não se olha pra trás
De que sonho só se compra sem inventar,sem ter que sonhar.

Gritemos!

Há, andando pelo asfalto , mais corações do que um governo,
E tantas idéias enlatadas, E tantas esperanças cínicas atordoadas!
E tanto ócio nas palavras não ou mal inventadas.
E prisões,e canções decoradas e palavras rimadas.

Juramentos e programas e rotinas e panoramas e muita vida,
E polícia e milícia e bares e bebida
Tantas as quantas drogas e religião, festas e escolas
E jogos e empregos e esmolas
E julgamento e compromisso e despedício
E dinheiro e diários e desculpa e muita culpa

É dificil digerir todo esse peso que implode!
Se explode não nos sacode,como pode?
E quando se perceber que estar preso naõ é estar seguro?
Que olhos vendados só enxergam o escuro?

Tá tudo parado.

E não chorar,e não viver E não vibrar.
Perceber que a rua tá livre pra tomar!
Com certo jeito,sem conceito faz-se um concerto!
Seriam novas buscas ativas?Seria possível a revolta coletiva?

É tão lindo sentir o peito bater por você e pela paisagem,
Um corpo só e a vista livre e embaçada,
Esmiuçando a lágrima da alegria.
Concomitância , militância pra fusão!
O corpo é festa!
Âmago da ação!
Não!
Para toda afirmação precede-se a exitência da negação.
A vida tem que voar junto à individual interpretação!

Sós?
Em meio a livre arte , seria possível a revolta coletiva?
Para gozar no caos,o cimento perder...
Para romper com o que está entrelaçado em nós.

sábado, 17 de julho de 2010

Flor púrpura


Estava ausente de ânimo, recorrendo ao abrigo do bar
Gotas caiam do céu, de forma amena, refrigeradas por um vento perdido.
Não queria ficar sóbrio de falta de amor, no meu mundo escondido.

Os becos marginalizavam minha solidão
Carente de cada nova esquina.
Não procurava nem por um sim, muito menos por um não.
Ventava , ventava e ventou.Senti toda endorfina.

Eis que ela surgiu, mesmo sem saber
Mesmo sem saber eu, que era por ela mesmo.
Não houve nada, mas senti algo bonito a esmo, no sabor do seu cheiro
Algo que mesmo refletindo, não saberia escrever.

Diria, Flor Púrpura,
Como quis
Um codinome delicado,
Porém sem pretensão de recado.
Sem pretensão de amor póstumo,
Como se diz...
Sem a notificação de multidão de um cem?
De qualquer forma
Assim, como dormi feliz.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Apenas

Apenas, afim de andar
Assim,me vejo mais além
Quando estaria equivacado em ver- me aquém.
Não sou alguém do Estado,Não sou fronteria no mar

Apenas acha-se o delimitado "após" ,Na vez
Em que um dia põe-se O fim
Das possibilidades é ter um final feliz.
No "sim" não suga-se o prazer de um "talvez".

Apenas quero me ver longe, ou quem sabe perto.
Errando o estrago do certo.

Arfar
Cantar, amar
viver, sonhar
Calar.
Perder e achar.

Apenas de dia, pensar na madrugada
Na enseada, fazer estrada...
Viajo com tudo!
Sortudo!
Contudo,

Se fico ou se vou...
Se retroajo em busca do que passou,
De arte,
Grito o que algúem calou.
Sei que estou,
Apenas, na anônima antítese avulsa
Que por hora,me dou.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Bar de papo

Estava o copo sobre a mesa,
O clima frio, a praia longe,óculos escuros e o sol.
Imagem mais calma a se impelir.

Estava a mesa contra o copo
A noite distante, o morrinho perto, a tarde menos clara
Havia palpite naquele papo.
-tititi-

Eu a abservar
preguiça e conforto

Lábios secos, rostos finos.
Sempre cheios
Estava tudo belo para um quadro.

Só não havia cor para o transpor.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Perpétuo

Tenho , apenas, fugaz força para gritar
Enquanto, rouca, sangra a minha voz.
Tua beleza é uma corvardia, um escândalo,
E meu apego, tentativa insubsistente de amar.

Não me quero, jamais, perpétuo e insistente
Carregando o fardo da solitária madrugada,
Pois um dia não mais existirás, a não ser em meu peito ausente.
Não me encontrarás a te esperar... Limpa e calada.

Tenho minhas grades e as paredes de veludo,
Pro grito que, exasperado, soca e descansa
Dormindo, eterno, na dança de não ter o pouco do tudo...

Corroído no ácido âmago, dentro de mim.
Não queria-te, assim, platônica...E pelo sossego,
Eu cavaria, ainda que com as mãos cortadas, o meu fim.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Força (Liberta) de viagem -?-

Ímpeto de,por hora,não ter
O que se querer deixar...
Para ir,não é preciso ver
Ou ser ,ao menos,preciso.

Olhos cerrados , sem certeza
São vulneráveis à paixão.
A força é uma deliciosa ilusão
De conserto e do contrário,
Viagem sem perdão.

Perder e olhar para trás,
Ter a saudade ao deslumbrar
O horizonte sem fim...(Venta demais!)
Dramatizar a possibilidade desse todo não voltar.

.Viajar,

-Realmente,não sei dizer o que nasce tão vivo sobre minha vontade,não sei explicar, ao menos, o que se converte em amor.Olho a virada de cada dia,sem enxergar ,contudo,algum governo menor em nós.Não acho,enquanto sinto, palavras mais profundas que abriguem um espaço menos limitado de minha razão.Eu queria viajar por outros olhos,nadando na emoção de cada lágrima,de cada brilho,de cada instante,na alegria,na tristeza,no ímpeto do impulso de satisfação,pois claro,afloram todos verdadeiros.Escrever,cantar,errar,ou então nada dizer,por ficar,assim,melhor.E desta forma,dormir feliz , sem precisar sonhar com um corpo tão ideal.-

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Liberdade

Sentir que

Venta... raro cheiro de liberdade,

Sem crença;

Venta um vulto com a vontade

De andar por anarquia.E cantar,

Dançar;

Amor é coisa que não se prende;

-Tá na estrada a voar-

Andar é liberdade de se enganar...

Não se entende,

Autonomia de,talvez, não ficar.

Estar nessa

É ver, num sol e brilhos seus,

Que Liberdade ,como a alegria no caos,

É sempre livre de deus!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Na dor,Distração e Liberdade

Há urgência em teus olhos,
Ou nos meus,pesados a cada noite.
Há sufoco na angústia
E pouca voz em nossa fala.

Abraço-me,escandaloso,com todo amor,
Na dor,prazeroso e egoísta,
Voando contra a liberdade altruísta.
Em nossos olhos, não vejo cor!

Neste escuro,jogo o azar pelo teu beijo,
Se rir é desespero,chorar é falso apego.
Louco alucinado é um modo em que me vejo,
O qual a harmonia é um frustrante desemprego.

Há euforia nesta lágrima,em meu semblante cheio,
Venero-te,te quero,te espero
Enquanto, te cuspo,te enterro,te amo e te odeio!

Se existes,confesso que nao sei,
Contudo,berrando, eu cansei,eu ousei
No interno latifúndio inócuo,onde sou o rei,

Do olhar cheio d´água,sem interior vão,
Pois tristes e vazios ,no deserto,estão
Aqueles que nunca sofreram de paixão.

Distrativa,insultada,inventada,ou não!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Na dó de um fim,para ademais

Como um entardecer repentino,avermelhou-se uma atmosfera pesada,vaporosa e quente,como o sangramento de uma tatuagem invisível,ao sol.De repente,veio o escuro,em forma,meio nítida,de dizer atraso com gosto de um verão sem satélite.O céu caiu,algumas vezes,enquanto que as peles adoravam-se , sempre variando do quente ao frio , em segundos entrelaçados nas horas tão curtas da memória.O amor mais intenso , a verdade mais complacente , a força do copo mais selvagem.Arranhões minúsculos e mordidas escapas , no abraço,no compaço.

Viravam-se e se montavam , engolindo a dor em sussurros explosivos.Foi-se tudo como um tempo de buscas,devaneado.Gritos tão soltos e perdidos dela.Olhos brancos,cabelos negros de suor,que escorria no sereno invisível das almas.O cansaço da arte corporal era esculpida ,no hábito de flagrar o momento.Ela apoiva suas panturrilhas em seus ombros,as mãos se prendendo no suporte da pauta de ação,base.De resto,muita força.

Qual a melhor maneira de dizer tudo,com todo choro sincero de tristeza,prazer e felicidade?

A voz secou em beijos úmidos, lábios nus,pensamentos nus ,paixão nua perante a lua.Não havia palavras nas contrações musculosas , nos gritos afobados,ofegantes e afogados.Carícias pervertidas entre as pernas,descendo docemente ,de maneira não tão breve, aos pés carentes e gelados .Perpetuou-se o vapor dos chupões no pescoço ,o calor da vagina como confiança e ternura ,aconchegadas,acolhedoras à tempestade que tocava,como poeta , aquelas noites.Depois,amor de ré.

Esperneavam-se,como peixes afogados em uma lagoa sem fundo,sem oxigênio,com alimentos escondidos nas espinhas alheias.Caça e hausto voraz ,irracionalidade iminente e inquieta , que rasgou-se por entre a cegueira.Mar negro,em dó.Não buscaram conhecer o além daquilo,eram como índios reclusos,na solidão da mesma selva.

Lá,as palavras não saíram, os olhos fatigados sempre fechados,embora intensos durantes anos,se confortavam como amantes ,já estacados na felicidade comum...Ignorantes e viajantes...Pois ,por todo um sempre já cansativo ,fugiam do erro da palavra,do conceito infeliz,coagido no leito do imaginário.

Fosse tudo imaginário,enquanto paixão mecânica.

A menina se foi.

Ele, no abrigo breu de si , suando por dentro da alvorada quente de seu deserto melódico,jamais expôs o alarde da emoção mais pura.E passou sempre a desejar ,ensandecidamente surdo , uma canção bela para chorar algo mais verdadeiro.Nomeou-se,à brasas em ferro contra a própria pele, de exagerado , gargalhando,como a ignorância a qualquer nada,o desespero da falta.Boêmio.Infeliz.

Assim,perdeu-se ao mundo,pelo mundo.Como um sábio cansado de um vão ,surgido pelas ruas desertas do Alabana ,esteve largado e recolhido,nomeando-se,nomeado Blues.Pelo inóspito salão largado às estrelas ,na quadra da mangueira ,namorando Villa Isabel,chamou-se,foi chamado de Samba.Solene.Quando não bobo e espalhafatoso,Rock n´roll.Nas diversas identidades esteve invisível na voz de muitos românticos,despercebido e saudoso,nunca se escutando.Pois, ele vinha de dentro de outros perdidos,mas sempre perdido no dentro de si.Era interpretação,idéia,um talvez guardo em caixas.Ele ,naquele tempo de floresta e índios,não conseguiu chorar e esclarecer que a gota era de amor,não conseguiu concretizar-se.Que fosse seca ou inconseqüente falta de demasia ,que fosse ela, o palco e o tempo,a noite.Que fosse pânico,asma insólita.Que fosse gozo de carnaval,ou qualquer desculpa de tom,palpite,sexo.

Que fosse tudo um romance,transformado em música.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Inefável

Surdo com o escândalo
Da beleza
Da perda
Da tristeza
Inefável.

Não há certeza no amor,
Ridículo
É fazer festa na prisão.

E estar sozinho

Para o amar inabalável
Contra a anáfora do sofrer,
Sem ter pra quem dizer...
O quanto é inefável.

Ele calcula ,em razão das palavras,
A liberdade de amor previsível
Enquanto chora quieto, no silêncio,
Urrando eternamente o indizível...

Que engasgar é mais do que ter medo,
Pois não há desculpa de engano,
Não há mais volta pro que foi cedo.

E por entre as veias,
Introduz-se algo,
Para fugir,leve,
Do estável.
Não há lugar,
Se logo vem nova felicidade.
Pois sentir-se livre,
Sem dor,
De puro amor,
Sentir-se inviável,
Para além da saudade...
É de forma crua
Inefável.


Edge

domingo, 4 de abril de 2010

Menino do rio

E fosse noite nas aguas todas claras,transparentes de saudade
E fosse o sonho plausível com qualquer exasperado desejo
Por minha coragem covarde,fantasia do beijo que não vejo.

O que se julga por sombrio
É parte do cheiro que almejo,
Na companhia que me abriga,
Da força limpa de todo rio!

Doce paixão amarga,indubitável!
Selvagem pelo córrego instável.
Lenta, leve ,louca , louvável!

Linda noite, nos seixos caídos das estrelas,
Se eu quisesse todo abraço disso,com alguma melodia,
Deveria ,com empenho, fazer coisas verdadeiras.

Nesse rio,em que se extrai qualquer água de fora
Fazendo da lágrima felicidade,um pulo cego na cachoeira
Um abismo infinito de prazer,pela libido que aflora...
Sou caçador de contos,viajante romântico,artista da poeira.

E o rio que umidesse o tempo,fugaz,sem divisão
Grita sua selva em mim,com a doçura do amor.
Com a paz profunda da mais leve respiração.
Com sons e mordidas de lobos , vivas na dor!

Menino lobo,eu ,nu e só,na madrugada dessa correnteza
Sem certeza,sem certeza,sem certeza.

E fosse dia na vida dela,tão carente por novo fim.
E fosse o sonho adaptável com toda alucinação
Da minha fantasia,da lanterna perdida no jardim.

Leque de idéias tão doces e vozes macias,
Sentindo a chama mais branda da relva,
Definindo o barulho da garoa e suas vias.

Lenta prosa que escorre nos olhos brancos dos mundos
Se eu quisesse toda paixão disso,com alguma sintonia,
De novo ,Mergulharia-me,pelas águas de sonhos profundos.

Como um peixe cinza entre as pedras.

E o faço só,sem pisar no que confio
Pescador do mundo bucólico,fio em todo o vão
Do pranto atordoado e frio da paixão
Pela pureza de um menino vivo em seu rio.

Rio , pauta de canção!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Encontro

Não foi absoluto, como fácil detectar sua primeira ausência de firmeza. A rua amanheceu vazia, sem passos certos assinados no asfalto. Estava simpática como o céu claro e morno de um feriado.

Parou o primeiro ônibus dos últimos trinta minutos de espera, cinco varejos de cigarros detidos pelo desespero, e uns refrões ansiosamente cantados introspectivamente, de qualquer forma. Foi um tempo.

Dentro desse, não hesitou em pensar em como hesitar o que sucederia aquela pequena viagem. Seria um abraço frio, ou sem jeito ao longo de uma conversa artificial?Teriam ambos olhos, um caminho certo a se encontrar? Ou cantaria um tempo envergonhado de dor?O coração sambava meio que sem ar,sem palpite convicto ou corajoso. Era apenas uma idéia medrosa,que em meio o chacoalhar das curvas, não expelia-se à este impacto externo.

Uma freada forte, uma pausa forçada.

De repente, a cabeça declinou-se e os olhos fundos e viciados nessa adrenalina, por um tempo incerto à razão, pararam e fixaram-se num espelho quebrado,largado ao chão. Uma coisa vaga de importância,e por isso, sem mais, valia medo. Estava fora do conforto de qualquer função,expondo faces distorcidas e curiosas. Um espelho sujo, odorante de mofo,i ndiferente a qualquer beleza perdida no tempo. Uma poeira exclamativa. Houve o medo de expor a cara frente àquilo, no momento em que nasceu uma náusea forte,que fazia a pele não respirar mais, sob o suor frio e tão pesado.Tudo girou com “h´s” de hipocrisia, com quaisquer cheiros egoístas de paixão.

Saltou do ônibus, com os olhos surdos, correu contra o trânsito de ruídos intermitentemente cegos. Arranhou-se ao rasgar a roupa, enquanto tropeçava e se via, em grãos de vidros e cacos, não mais existentes. E se opôs ao encontro, como um amor transparente. Sem face,s em tese e prática, sem imagem. Um amor escondido, recolhido no próprio pânico, um amor fantasma.

terça-feira, 9 de março de 2010

Saudade #2

Como um dia cinza de ressaca,a saudade se renova carregada pelo vento.Não seria simples apenas recorda-la com um sorriso breve,temos que chorá-la,descascando-a ao lamentá-la,gota a gota.Faz-se orvalho em frente ao espelho,sempre amargando o doce, que é o desperdício do amor;testando essa faca na própria pele.

sábado, 6 de março de 2010

Saudade


Paladar tão doce que seca,
Inundando sede desértica.
E com a força da mesma,
Sangrando vontade erma...
Sente-se em intensidade
Carência vaga,
Chá frio de saudade.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Chocolate amargo

Ontem à noite, a saliva grudou junto à língua como um estalo rente à pele, com um princípio doce e um cheiro cítrico. Uma forma de secar-se e amar, incessantemente, a finura do chocolate amargo. Um frio carregado ao nada veio, relutante à respiração vaporosa da descoberta, quando uma pergunta atacou, em meio o toque, derramada por silêncio. Como tornou-se um tato, a solidão tão cega dos olhos chorosos pelo escuro?

Então, irrigando rostos doces da fala desértica, a chuva caiu... Como uma só intriga.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tempo


Tempo, teu tédio é fascista
Mastiga-nos muito, minuciosamente
Depois, nos mente...Mente!
Tempo,teu tempero é fordista.

Tempo, és todo tênue,
Encontras nos relógios,
Sempre, quaisquer senzalas...
E assim, do nada, te calas.

Não fale,tão mudo,
Por onde vive o teu remédio.
Arrasta, arranha, avisa, Assanha
O mundo morgado pro Tédio.

Que Câncer moderno!
Que sangra nos dizendo-"que tédio!"
Faça-nos suar no inverno,
Por qualquer segundo de assédio

Quando berras teu silêncio mais alto,
Em tic-tacs trêmulos de ponteiros tortos.
Achas que estamos, todos, mortos...?

Tempo,o que te resta pra partir,
Não te consome tanto,
O quanto o mundo quer sentir!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Felicidade

Queria o espaço do maior segundo,para dizer:
-Felicidade
E o tamanho da menor mentira pra me perder
Da vaidade.

Só não saberia entender se o que muda
É a cabeça , ou a gentileza da coragem.
Se na tristeza mora felicidade,
Ou a alegria é forma de miragem.

Queria soltar dor pela janela,
E ainda,através dela
Gritar na maior vontade:
-Feliz cidade!

Para toda cura:
Felicidade

O tempo nos ama calado,
-Covarde
Enquanto a velocidade ainda demora,
No querer do amor roubado
De Verdade.
Felicidade que vai embora.

Queria o silêncio de algum minuto,
Para descontar qualquer contagem de idade,
Para escrever,fingir,mentir,sofrer...
Ou apenas dizer:

-Felicidade


Edge M.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Introspectivo

Ser tão inteiramente introspectivo,
Pelo tempo que passa arrastado,
É cozinhar poesia para uma forte fome
E rir a alegria falsa do peito arrasado.

Chorando história,apalpando som
Dançando aquilo ,que se acha no tom...

Para um amor de carnaval,q caminha sempre perdido,
Por esquinas tristes vestidas de mascaras alegres,
Beijando a pressa crua e voada da paixão,esquecido
Como quem nunca tivesse sido...

Ouvido

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Doce sede da hipótese

Tomei um café de sorriso amanhecido,
Vendo, em tal corpo dono, uma estrada
Ao longo do deserto bege e alvorecido.

Não sei quem foi ela ,ou se de mim que era

Mas,tranquei minhas traquéias,com o cuidado
De não espantar o pavor de minha paixão.
Recolhi,em sutil e curta imensidão,
Minha alma magra e seca de pecado.

Senti os mais calmos ventos pesados,
Do beijo noturno de seus lábios rachados.
E não cuidei-me de qualquer cuidado

Ela,então, me deu um chá pra febre fria,
Sem curar a ousadia de minha sede
Sem me dar noite para o fim do dia.

E,assim mesmo,adormeci,leve, na amargura do seu doce
Apenas com um caminho na mente,pra esquecer
Quem eu achava que ,no meu profundo talvez, fosse...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Exauridos são desencontros hiperbólicos

Surgi,exasperado,pelo seu corpo quente ,meio que de repente,
Como luz que brilha a náusea em viajados olhos de estrada.
Surgi,como um bêbado perdido em recados de qualquer gente,
Procurando uma flor,uma frase copiada,uma paixão roubada.

E ainda assim,amei-a toda e meia,em goles de angústias destiladas,
Gritei mil trezentos e cinquenta palavrões necessitados de apego,
Sem saber e sentir,sem poder,por fé fretada,mentir meu desespero
Noturno por ela,louvada,que se vai feita de forma pura e exagerada.



-Edge ;)