domingo, 26 de setembro de 2010

Desconstrução

 Razões são riscos retos e rasos na memória,

Olho em volta, dou uma volta
E o céu pesado e cinzento...
Tropeço na noite e lá estão minhas garrafas,
Descontruo diálogos e imagens, emendo.
Desconstruo meu mundo, e não sei pra que estou.
A cada nova parada, aperto minha mão.
"- Prazer !"
Eu estou certo da incerteza que sou.
No alto, nervoso, niilista no auge de negação.
E tudo que quero amar é nada,
É insuficiência de afirmação.

Olho em volta e dou uma volta,
Me olham à volta, me dão tantas voltas...
Mas capto somente o sorriso e levo...Embrulhado ...
O céu tão cinzento e pesado ,
E tão infinito quando refletido nos olhos.
Caminho calado, cansado , caindo em conversas,
Só de ouvir e nada sentir, desconstruo minhas promessas ,
E o nirvana , nesse agora da noite , não para ...
Para não se calar, no anonimato da coisa rara.
E sua hora está tão cara!

Lá estão minhas garrafas!

Pisco forçadamente em busca de outro foco,
Retalho redes de relações e mentiras, ruídos do "não".
- Estou fraudando o intuíto clandestino.-
Gargalho sozinho, sintetizando toda imaginação.
Não faço, não vejo, mas crio a ação,
E me governo como um tirano totalitário,
Sem piedade ou qualquer senso de pleonasmo.
Só pra poder tentar me libertar...
E prazer, com força de vontade, criar!

O céu está tão pesado e cinzento.

Observo a minha volta, contra o vento.
Respiro cada detalhe, anistía ao momento ,
E uma tímida e encolhida poesia.
-Está frio- E o retrato, o que fazia?
Sorrio... 
E o céu aqui, condescendente e iníquo,
Enquanto , ando ansioso por algo inebriante,
Tão pesado , cinzento. Barato amante.

Baixo a cabeça como um ato de nobreza,
Só pra pensar, levanto-a com a imprudencia de um bocejo.
Olho e tropeço (pousou um pingo).
No instante não entendo o que vejo,

A minha frente, um perfume, uma contra- razão, algo que me quer
Um rosto, um sorriso a viver em raro quinhão, a se recolher da fé,
Para ser
Uma menina, uma brisa efêmera, uma mulher.
Uma energia que ali, eterna, não vai envelhecer,
Ah! Acordarei depois, pois hoje promete chover.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mil motivos para não chorar em seu sorriso de ausência

Uma piada mal contada e um centavo de desconfiança,
Chorar a pouca aposta do provável, e depois sorrir.
Fui te perder e me prender sem ter fiança,
Sou um bandido inocente , sem idéias para mentir.

Tenho mil motivos para idealizar um filme de drama,
De salvar o vilão e matar a dama.
De negar o prazer de quem  ama,
E vulgarizar o cenário de uma cama.

Tenho remédios amargos, cigarros sem marca, assoalhos...
Panos, jogos , drinques , truques e retalhos.
O hipérbato, a hipérbole e alguma cura ,
O raciocínio e a gargalhada da loucura.

Sem muita hora, agora, tenho uma tragédia engraçada,
E mil motivos para não chorar, em seu sorriso de ausência.
Tenho tanto que tropeço em minha palavra roubada.
Sou ator, que morre, sangrado , na vivência...
E , aos berros, descansa com a dormência!

Depois, acorda pros lábios, divorciados com o teatro.Não há aplauso.
Então, pauso. Roubo mil motivos para não sofrer, e agradeço...
Pois paixão imperecível não desfila por preço.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Baú

Guardo em mim um céu, que se destrói
Não se cabendo em tamanho niilismo e paixão,
Que se subverte , e sem tempo de cansar, se inverte,

Guardo em mim, toda essa coisa maior que a negação.
(Ela)
Algo abstrato e imenso,
Mas que sumiria em seu sorriso, sem qualquer senso...
Pagando parcelas pelo pecado,
(Eu)
Dormiria eternamente em seu abraço,
E a deixaria, depois , ir sem algum recado.

Guardo em mim manchas de chá
Biscoitos de mofo e mágoa.
E uma festa que não há.
Guardo em mim 3 bilhões de estranhos,
Que se enxergam sem saberem contar.

Guardo tanta coisa quanto o mar!
Guardo e depois perco,
Guardo e depois a perco, sem ar.
E me visto de poeta
Só para poder achar.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Constar

Fosse com o olhar cheio e distante,
Fosse como uma amante,
Caçando mentiras para gabar a vaidade,
Para embriagar a ingenuidade...

Não estaria tão longe, não estaria aqui
A ponto de não conseguir ouvir,
De não poder ouvir, como antes.
É um cansaço ter que decidir!

Acabou! Nosso instante esfriou com o café,
Os versos voltando, Seus olhos brilhando,
Enquanto o dia não se aguentava de pé.

Fosse com um sorriso mais calmo, com um sim ...
Mas enfim, não há o que insiste.
Digo, só , ainda bem que você existe.