quinta-feira, 14 de abril de 2011

Foste busca

Desertaram-se os olhos, que se fechavam e se iam...
Beirando o horizonte, calado e dado à sonolência de via da palavra,
E ao sonho, sonho que se levava.
Desertaram-se os olhos, que se fechavam e se iam, castanhos.
Desertaram-se as desculpas e as proliféricas mentiras,
E tudo se pôs como um deserto, deserto úmido
De olhos, que por lembrança, saudavam paixão...
E uma voz doce e longíqua, em reverberação.
Desertaram-se as estrelas do universo de um âmago;
E tudo se pôs, de certo.
E tudo se pôs como o sonho, sonho ermo e deserto.

Sonho, onde você sorria por sua alma macia.
Onde eu não precisava falar e amar alguma mentira.

sábado, 2 de abril de 2011

Não te cales.Não me cales.( afasia selvagem)

Não te cales, não me cales. Abra-te como uma flor que se descobre
Exalando sua cor, coberta de amor e dor, dormida em seu ignóbil explendor.
E recolha, por favor, seu olhar pernóstico, seu movimento pérfido e parnasiano,
Morra e ressucite em mil enganos, enquanto vive no seu beijo, o meu coração ,
Insano , a pendular sem tração.

Eu me disparo, por dentro, ao percebê-la de repente,
E ajo antes do pedido do desejo ou abraço. E , ainda, depois ,
Que me julgue delinquencialmente improcedente.
Mas, acontece que isso não nos exterioriza a dois.

Exporte seu cheiro, faça meu esporte;
Não fale, me grite, me pinte e atue na minha morte
Com o asco heróico e militante, subversão da boa sorte.
Seja minha guerra, meu carnaval, meu ponto e meu corte.
E suma, por longos tempos e breves ares, pra longe do meu forte.
Mostre porte e me conforte, me deixe, me aborte!

Mas não me cales, não te cales.