terça-feira, 29 de setembro de 2009

Meus rostos

Meus rostos colam a beira de muros em qualquer esquina,
Exaustos e contra o tempo, tépidos, eternos na vontade da madrugada,
Na queima de um cigarro, no esboço de um beijo, no acaso de uma quina,
Meu rostos foram vários às várias, e se puseram cobertos sob minha alma pesada.

Meus rostos derramam, quietos, o excesso das horas vertiginosas...
Pausados quão molhados em meio às chuvas, que se inundam por quarteirões.
Meu rotos são estes, na surpresa, ermos em esperas mentirosas.
Meus rostos são desertos, claros ou sem cor, debelam multidões ...

Meus rostos... Todos vazios, vagos e imensos ao vão de significados
Sendo como quem não é, alados e exagerados ao berro meu calado,
Meus rostos perduram e só mudam postos aos ares incendiados...
Do esboço de um beijo, da queima de um cigarro, do cansaço de um peito esfolado.

E eles se esvaem na ventura de qualquer mar submergido,
Hasteados à ventania, pelas esquinas alagadas em meio a retirada devassa,
Evaporando-se ao olhar...e olhar o tempo passar aguerrido,
Nos olhos seus, no rosto seu, no perfume seu, em seus alicerces, na alma sua que passa.

Edge;)

2 comentários:

  1. E somos muitos, e não somos nenhum, e somos um em toda essa multiplicidade. Reconhecer-me me deixa absolutamente nervosa. E só me reconheço plenamente no outro. Dói, pra mim, isso dói. Mas passa.


    (PS: não sei pq escrevi isso, mas me veio à mente depois de ler esse seu poema, que aliás, gostei.)

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