domingo, 23 de dezembro de 2012

Chuva

Lenta, leve , quente e fria
A chuva deita; na Tijuca, a rua escura canta..
Uma hora e pouca antes d`eu dar bom dia,
Rabisca o vento úmido em meu coração
As maiores lindezas da utopia.

domingo, 18 de novembro de 2012

Das caminhadas e outras mãos


Inaugura-se no caos, em luzes e tosses finas
Absurda, absurda.
A confissão de sua existência é o que há de melhor na paz,
E de incerto e perene em mim.

E suas mãos e jeitos, sua face posta num barco cintilante pelo asfalto -
Amante obtuso, essência linda, vida exânime da madrugada,
Me erram, me multiplicam e somem
Como um mal adormecido sonho, uma macia caminhada.

Nos teus lábios, colam-se beijos ainda que ontem,
 E se há tempo, alguns meus
Antes de amanhecer, ou, de ter razão pra ser.
Absurdos, Absurdos
Despedem-se sob a utopia de Deus.

Os momentos são tão frágeis, nunes e sinceros,
Que em meio a turbulência do pré-apocalipse das incertezas virtuais,
Inalo-os sem filtro, e desabo os meus porões.
E do teu abraço sugo a fugacidade e a eloquência de multidões,
sugo a queda, o sossego, sugo a vida
para o meu momento, para a tua boca, para os meus pulmões.



domingo, 30 de setembro de 2012

Sem dizer que as malas choram

Sem conhecer
Terras sem fim invadem meus olhos de solidão,
No escuro de um pequeno quarto...
Vivendo a claridade invasiva do Sertão.

Um barulho encravado de respirar,
Sobre pilhas de conforto.

Só que..

Um gole de sufoco ardido,
Um timbre no estômago
Pela saudade de" irá fazer, sem haver como ter feito."
Saudade do tipo "se pudesse estar lá".
Não há mais razão para goles de sentido.

Aí,
me vi Perdido nos terrenos abandonados, e imensos de cantar
As menores vergonhas das flores...
Só para contrapor e compor a dores mais bonitas:
Estar pendurado nas fendas de Chapadas sobre o serrado,
E sonhar...catarses.


Até acordar, fumando um cigarro
Olhando, pela janela, a distante companhia das luzes fugazes.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Andar pra si

A pele inexiste enquanto um silêncio miúdo,
E é nos dias sem felicidade que se valoriza um sorriso ruim.
Como se houvesse um sabor desse jeito.
Ser óbvio é mais que um endosso limite de fins,
Ignora o peito, implode paredes no peito.

Não se desculpe, se carrega o vento e a tempestade,
Como eu não o faria- desvalorizando um toque de seu beijo
Só por tê-lo.

Enquanto fala do certo, replanta muros e  invernos,
Cansaço ameno ao se pôr
Em despedida, com os olhos quase eternos.
Sabe, porém, que a pele inexiste enquanto não há dor.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ocitocina

Abstrata como o ermo invisível que comprime
Um cheiro vasto de significados não registrados no sangue,
Que corre por gerações, mas sempre e sempre mudo.
Acho que é você, enquanto vontade, enquanto liberdade.
Acho que é você.

Apenas como o vento quando se estreita e passa pela janela semi-aberta,
E faz o fim de tarde ficar frio, ficar calmo sem nenhum comprimido.
Abstração só há quando a par da razão, já que o demente é a falta de casaco.
A liberdade vive desajeitada no desleixo mofado de solidão.

Ai, escrevo

Dopaminas secas e esfoladas contra as estrias da epiderme repousam em meu sangue,
E eu te olho sabendo que meus olhos, por bom tempo, não me deixarão dormir.
É liberdade, por uma maldade que me dope e desprenda da combustão histérica
Que foge, e se arranca desses versos, enquanto molda a barreira azul
Da cor que me faz acreditar que esse amor é infinito.


domingo, 5 de agosto de 2012

Sutilidade

Qual o problema em ser imediato e fulminante?
Explodir, perder a referência e queimar...
embrulhado nas partículas da insegurança dos loucos.

Estou absolutamente instável,
Entupido com o ar da contra-gravidade deste abismo.
Eles ameaçam,
Eles mentem. E já não se sabe o que vê.

As micro-relações alimentam correntes, e quando andas
Percebes aprisionado. Mas ninguem é capaz de falar sobre sutilidades
Com os olhos pesados como fosse sempre de noite, e estivessem servindo room e remédios.

O que é o problema de ter medo?
Uma multiplicidade de referências distorcidas e carregadas,
É como não tê-las...como perdê-las e ver que o silêncio é tão nu,
Como o chão que não existe se abrindo para o fim da vida que você ama.

Isso é mais forte que as possibilidades que se pode calcular.

Eles ameaçam, eles mentem e estão absolutamente estáveis.
Sem a segurança das bandeiras, engasgo com a mediocridade
das gotas de cigarro, como fumaças de refrigerante.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Poemas de Sofia Negromonte.


UMA PARA MIM

"Se de tudo que rolou
nem mesmo grãos de areia restou
Não sei o que posso dizer
que me fará esquecer
de me convencer
Que se não era pra ser
Jamais será

Se a onda passou
ela não vai voltar

E mesmo na busca
de uma pra recordar
aquela primeira, a onda do mar
não retornará.

Pode remar..
Reme
e lembre:
nada a faz voltar.

Mas,
pelo menos,
todo o resto ainda vem...
E ainda vai,
e ainda há de vir..."


PENSAMENTOS IMPERFEITOS

Nesse universo de imensidão
não consigo dizer não
até mesmo quando penso
logo após repenso
que se a vida é curta afinal
não pode existir sinal

o verde vai
o vermelho fica
mas que sica

não quero restrição
tenho lápis e papel na mão
dizer com palavras
melhor ainda com nadas
ou se não com facadas
mas que desperte um coração

não precisam todos ouvir
humildade sempre vem antes
para assim poder atingir
aqueles ignorantes
que falam antes de ouvir

um dia mãe disse:
"os ignorantes que são felizes"
mas se a felicidade, mesmo, existe
não há quem me explicite
as boas razões deste triste

não ser tão informado
pensando por outro lado
ruim não deve ser
pois o nada saber
é apenas crer
no que se vê na tv.

mas agora que muito sei
incrivelmente até lei
não há maneira de voltar atrás
e saber de tudo é o que quero mais

Pode trazer depressão
mas arriscar é preciso
não é mais tempo de decisão
é agora, com o papel na mão
que desenho o meu sorriso

mesmo missão impossível
me inscrevo para ver
o fato inesquecível:
cujo principal é esconder

esconder de você
que quer aprender
para poder entender..
Em que merda está você.

Não se engana
porque no mundo, nego apanha
mas usando a esperteza
você pode ter certeza
que o que importa é a união
da nossa geração

Fome
Força
e determinação
isso tudo temos, então,
agora é só fazer pressão!

Sofia Negromonte.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quando não há flores na parede.

A supressão da dor pela ilusória festa revolucionária é banal,
Está ai, a espetacularização da dissidência faz força de grito no vácuo
Enquanto nosso pânico é mitigado por prévias de perdão,
Nossa insegurança sentimental.
Mas ainda sinto amor, sinto aquele choque agudo no estômago.


Já levei forte mordida do absurdo quando fui beijá-lo,
Beirei a embriaguez da insistência, marchando torto, andando mal
Sobre o nada, embora, uma vez ou outra, houvesse tudo.
- Deixei secar o sangue sobre os meus lábios-
O desapego cresce e percebemos que perdemos a disputa pelo sentido das coisas


E que a solidão é a nossa maior liberdade.

domingo, 6 de maio de 2012

O mais forte do sorriso


Apesar da insuficiência confirmativa da realidade,
Das viagens que me acomodam em inexistência, 
da escuridão dessa coisa qualquer,
Dessas ruas ébrias sobre sua beleza certa...
É tudo mais forte que isso.


Te pensar é um insosso vandalismo em mim,
Uma construção externa de existencialismo tosco.
Não há foco.

Só que... Se sorrio é para melhor te invadir.

Um devaneio que não te quer e não te beija
 te ama sem te ver,
  Te tatua pela dor,
 chorando e agarrando através de silêncio,

Que vaga

Nas calçadas abatidas de algum lugar qualquer...
Meus olhos se tropeçam parados
Como nada que possa descrever,
Porque não há porta mais estreita do que o enigma
Que inverna sua face.

Esse desespero - bom ou ruim-
 uma confirmação cega num diálogo entre ausentes,
Surge como quando por ai te percebo,
Surdo.

Sem nexo.

Mas ainda sem te ver, eu te atravesso com um jeito longo-
Quando durmo e quando nunca te toquei,
Quando nunca te sonhei
Quando ali você sorri


Em mero desengano,
Sem rédea, sem jeito, sem dono.
Tão forte como o "para nunca mais."

Em um único alívio breve, você sorri
Bem branda, sem foto. Sorri.
Ainda que haja um deserto em meu abandono.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Título de registro


Eu sou um artista preso e perdido nos teus jeitos livres de errar,
Um desejo motivado por absuros líquidos empoçados em lágrima.
É indócil a inclinação dessa lembrança meiga no olhar,
Mas na gota é uma mancha qualquer em pouca página.

É uma incógnita entre Copacabana e Botafogo que se extingue
No Flamengo,
Enquanto meu amor é muito quase Dezembro,
E teus jeitos livres de errar, de me ter como estilingue.

- Cabelos do sol sobre a agonia do meu desejo-
Em um beijo quero-te como outro dia
De medos e alegria, de revolução e nostalgia...

Nas formas de versos armados, políticos e tristes
Indefinidos na racionalidade simples da memória.
É certeza fotográfica saber que existes!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Chuva II

É à  passos que os meus pensamentos andam contra o sol,
Atrás do seu cheiro de chuva, do cheiro inundado de sua boca
Que marca as lentes embaçadas das garrafas que encontro ao meio-fio
- Soltas -
O céu pesa com o contraste indescritível das gotas leves.

Janeiro nunca foi tão igual, indecifrável em meus ombros.
Chove no sorriso da minha saudade; e eu queria dizer que você é linda.
Qualquer foto me faz pensar, sob a cortina imunda dos borrões :
Janeiro nunca foi tão desigual em meus sonhos!

E todas as cervejas são insignificantes e milhões,
 Alargam as membranas dos olhos sobre a imensidão dessas ruas...
E é pelos becos que desabam, violentas, as gotas da poesia.

Só digo ao relâmpago que não sei se você riria,
Pois foi há quase infinitos goles que te vi, e nem tanto.
Sei que chove mais um dia, enquanto viajo, ando... Ando.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Chuva

Destoa a imensidão inigualável das águas claras,
Como fontes amanhecidas de um gesto sem sujeito.
Nas ruas estão seus olhos e muitos outros, quase distantes e abraçados.
Enquanto ando, vejo meu copo cheio.

Nesses dias de chuva, eu sou mais um cartão manchado
E uma piscina que flutua quieta, na romântica mente de Verão distante.
Não chove quanto o céu trovoa, meu copo não enche enquanto chove
Pela Voluntários da Pátria a poesia, à noite, é gritante.
-
Destoa e escuridão surda das águas turvas,
Pelo céu cheio em nossos peitos lotados de acaso,
É invariável e aventureiro o beijo frio, escondido em suas curvas. 

As luzes cansadas alcançam as sombras das gotas desenfreadas,
Que se desmancham por esses amores grafitados, em muros abandonados.
 Eh, Menina...
Ando torto em linha, olho a chuva  fina ...
Fina.