terça-feira, 29 de setembro de 2009

Meus rostos

Meus rostos colam a beira de muros em qualquer esquina,
Exaustos e contra o tempo, tépidos, eternos na vontade da madrugada,
Na queima de um cigarro, no esboço de um beijo, no acaso de uma quina,
Meu rostos foram vários às várias, e se puseram cobertos sob minha alma pesada.

Meus rostos derramam, quietos, o excesso das horas vertiginosas...
Pausados quão molhados em meio às chuvas, que se inundam por quarteirões.
Meu rotos são estes, na surpresa, ermos em esperas mentirosas.
Meus rostos são desertos, claros ou sem cor, debelam multidões ...

Meus rostos... Todos vazios, vagos e imensos ao vão de significados
Sendo como quem não é, alados e exagerados ao berro meu calado,
Meus rostos perduram e só mudam postos aos ares incendiados...
Do esboço de um beijo, da queima de um cigarro, do cansaço de um peito esfolado.

E eles se esvaem na ventura de qualquer mar submergido,
Hasteados à ventania, pelas esquinas alagadas em meio a retirada devassa,
Evaporando-se ao olhar...e olhar o tempo passar aguerrido,
Nos olhos seus, no rosto seu, no perfume seu, em seus alicerces, na alma sua que passa.

Edge;)

domingo, 27 de setembro de 2009

Ocaso caso

Olhei-me por seus rebentos morenos,
Ternos, pálidos de aurora... vestiram-me
Por várias faces, exausto e estático,
Vi-me apaixonado.

Seu olhar perplexo,
Fez-me fugir pelo canto,
Da sua doce boca,
Ternura oca,
Um sentimento convexo.

Olhei-me como nunca.
Em seus olhos, sua porta, vi os meus
Cínicos e tristes
Mas nunca fui assim, tão poeta
E você...quieta

Tão distante e fria,
Entardecida como o pôr-do-sol,
Vi em ti uma rima fraca,
Mas tão doce que esvaia
Todo o biltre instante levado em um bemol.

Um ocaso caso,
Ao acaso do nosso atraso...
Uma ventania amena,
Em preta e branca cena...

Morena,
Foi em uma tarde fenecida,
Esbraseada e ensandecida,
Em ti vi minha vida plena!


Edge;)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O repouso

Era noite,ou plena madrugada.A respiração ,úmida,trocava o silêncio,alto,com o orvalho.Enquanto o choro conservava-se na felicidade vil do recente presente passado.A tinta da caneta falhava,machucada,enterrando-se cintilante pelas vias de história.Memória entorpecida,a memória de criança.

Como a contemplação de um brinco novo,ou de uma nova estrela adjacente entre a visão e o peito,via o passar como uma música debutante,áurea e vaidosa.As pálpebras pesavam mais que o céu da paisagem,outrossim,preso...o sangue esfriava,ainda tépido.E tudo andava e se calava,na sensação de flutuação,clemência plena.Hiato triste ao nirvana mil,ilusão,tempo,frio,meditação.

As mãos, em dúbia sintonia,sobre as pernas nuas e frias, se tocavam,não se viam,brincavam caladas no sorriso confortado. Não se sentiam. Ao sopro do momento, congelaram, como nunca mais. Gelo. Este que corria pelas veias,massageando,tocava os cílios,com libertinagem ludibrie ao pudor e...descia,frágil,carinhoso.Uma montanha russa pelo estômago da alma. Em ultimato, era amor de uma nota só, melancolia, em lá menor.

A manhã chegava descalça.

O corpo andava , sem do lugar sair,sentindo o ar.Transtorno ao hipérbato do raciocino.Não respondia o que a mente pedia,se assim queria,se assim fazia.Na batida desposada,fraca do coração,ao calor,chocolate amargo.Caro.Fino.Vinho tinto.De novo o arpoador,a apoteose da respiração.Pausada.Em contagem retrógada,de mil à um,do tambor ao compasso...na cabeça,o doce que secava.Paladar.

Dormência,perdida na selva de um ser ao fim.Enfim,a arte,quando as cores aumentaram,variaram e se diluíram na nostalgia.Para depois saudade.Posteriormente,nada.O rosa,cínico,vadio a festas e traidor,nunca escapou,não escapa.Em negro ,o túnel velho de arquivos tão raros,amplos em verdades.O azul, o céu,as vezes,em presença.O branco em pouso para nesse voar,e nadar adentro do verde claro do eufemismo,vestindo o rio da passagem.Por pintura,sem pincel,executa-se o quadro da viagem,tão intensa e quieta,de fato,plástica e sincera.A ultima flor de um jardim.

De seios ao ar,fingia-se sóbria para o beija-flor que passava,sem graça,com graça.Lembrou-se de cinema,a escola do imaginário concreto.E como será?O agora seria tão verdadeiro quão o possível que viria?A ver,não.Mas na loucura da droga que se espalhava,tudo parecia ameno.O peito logo em cingida aflição,junto às pálpebras já cansadas,fartas,fatigadas...Cortava o sopro intermitente da maresia.Quando viu o fim bailar,sentiu-se só,passiva ao nunca.Para a fuga do que virara.

Então...No acaso preparado ao somente...momento derradeiro...

A manhã,de malas,chegaria,com suave brisa,aos poucos,charmosa,respirando...fria.Visão?A calma estava em anestesia.Lacrimejou.Deixou-se.Pensou.Calou.De novo,para rir choraria,como velha,última,sua.Atemporal.Aguando o amor , o nada.Tão fraca em sua realidade.O suor,não mais do corpo,ainda assim,brilhava.À respiração em reverso orgasmo,sob carícias de dentro a fora,uma histeria cansada e silenciosa sussurrava.Ao último soluço,em flashes e espaços,sinceros,os olhos fechar-se-iam mornos em meio o sol de inverno.


Edge;)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ementa torta de uma emoção.

Chorar por entre face tua,remota em ser,
Aos olhos doces do sofrer...
De lá vagam e andam,fáticos, por aí
Coibir é de quebra,parte dizer.
Vai lá,andar e andar pra existir.
E teu sorriso é só,impar,grande enquanto único...
Vai saber..a força desse rosto,ao sorrir,de agradecer
De tanto,quanto santo,canto ao esplandecer...
Da lágrima...cadê?Já ai,em lábio úmido.

É de se cantar,por ar,o alento do quase,
E de saber que se arrastar é só fase ...

Pegue um par,avulso em seu tumulto,e case
Que ainda,em ti,só no somente
Da mente,da fase
Da fala,que livre,mente...
Sente ao fora da casa,
A liberdade é asa...
De libertinagem que toma o céu..
No teu altar e em outros que carregas, e nesses o véu.

É de se entregar o ar ao alento do perto
Sem,contudo, saber se te encontras tão longe ao certo.


Edge;)

Carona com "Adeus"

E o deserto me chama,entardecido,de vários lugares
Arranhando meu peito seco contra ,no sentimento que rodeia
A lágrima evaporando,a gota mais fina de areia
Dos distantes e remotos lares.

Onde morará o que nos cruzou?
Pois agora,aqui e lá,não poderá mais viver,
Assim como a nata exasperada evaporou...
Em minha voz viajante, que tanto te berrou.

Arrebentada e exausta à ventania
Que com tanto sangue me levou.
Cogitando sorver o que sou.
E o porquê do que estou,dentro daquilo que seria.

Se o espinho fugido me cega em seu semblante,
Derramando seu olvido eternamente,
Em minha profundeza pagã,
Esfolada,sã e irradiante,
Meu desabrigo ocupante,
Como se o vento não levasse dor que sente.
Queria te esquecer crente,por hoje ,apenas,até amanhã.
E depois e depois,a perder a conta dos dias adiante.

...adiante...

E se olhar pra trás e me ver,
Tenha certeza que não estarei ali,
Não estarei mais aqui,
A te prender.
Não estarei mais a vir,
Quão menos a partir.
Não estarei mais em ti!
Assim,viajarei sem rastro,por todo o inverno
Em tardes,noites e manhãs,a ser....

Parte do eterno.


Edge;)

domingo, 13 de setembro de 2009

De costas

Sobre as linhas tortas de uma rua de pedras,a vi como um vulto caindo em qualquer tarde,em qualquer braço vulgar.Um som batia e ofuscava-se dentro de mim,um nó na garganta,ruim.Mas estava ali.Não olhei em seus olhos.
Mais tarde,beijei-a...
Na sede de um deserto...
Como se Amarrado em uma teia,
Sem algum cuidado meu,ao certo...
E tudo vi,e o que eu sei....não sei...
Pois seus olhos,não olhei...

Se eram escuros como minha noite,
Só podiam assim entregar vento..àquilo que larguei
A não saber mais,até nos lábios de um tardar afoite...
Como cômodo num infinito distante,olhar em seus olhos não ousei....

E foram-se os segundos derramando,
Na pressa de cada minuto,
De cada hora cara em luto,
Dos dias,em minha face,se passando...
E cada beijo por ficar....
E o nada me tomando e tomando,levando...e ficando...
Ar!
O que há em tais olhos a olhar?

Se esse incêndio não tem chama,
Se pra fantasma não há lama...
Não gama,
Não ama...minha gana...

Se ei...Sei...
Que até,quando pela ultima vez a vi,
Enquanto,por todos os lados, não vivi,
Para seus olhos não pisquei.

E de outras iguais, eram todos os gestos seus...
Tão parios à pares,em sentimentos "par"...
Pescados em esquinas e bares,fechados,em mim,eu sei o que há...
O que foi...Pois olhando em tais olhos sem deus,
Morreria de medo em ver os meus.









Edge;)

sábado, 12 de setembro de 2009

Avenida

Piso fundo e caio ao barulho, solto, vulto, intermitente...
À avenida que se expande no ser, em ser que será
De outrora, de outras e outras várias, na mente...
Ao vento...dos meus pés que irão passar...

Cortando becos pela floresta de aço,
De mim...e de medos que tanto faço,
Sou pincel, andarílio, artesão, o mar
Em seu sorriso, que abrigo ao imaginar...

Os lábios, o calor da pele,o cheiro... de outra madrugada,
Que sim, foi-se calada quanto morna, na sessão deste ermo,
Em mim, sempre foi...sempre é... tão ilhada,
Pesada, amada, incendiada...que no verso não se vê outro termo.

De se enterrar, ao andar, sem ter força
No caminho mais coberto...
De chuva que não seca em deserto.
A avenida vai, então, imergir...em poça!

E eu vou...
Se vou....fugir
E eu estou,
Se sou,
E eu sou,
Se estou
A ir...

Ao acaso , de repente, a nado por esta alameda sem margem...
Pelas noites claras de seus olhos, em varias fases e faces
E serei estes e todos outros seus, alagados num recife, na dor que fazes...
Para ver em mim tantas e uma passagem.


Edge;)