sábado, 28 de novembro de 2009

Copo e gelo

As gotas enterradas em olhos imensos ,vazios
Reluzentes sobre a mesa, vidro e magoada vastidão
As ruas intensas, o som do sax invés ao céu em rios,
Em meio a cara fria, tudo parado, a doce exaustão.

O copo estático parece nublado,
De dias à deriva de domingos,
O rubro do room, raros como flamingos
Sobre o céu do áureo amanhã chorado.

O copo com gelo...O copo e gelo
Ali para as núpcias de sol,
No Arizona dourado de ermos em zelo.

Parado para uma calada porta
Do gole de gota golpeada...
Pela a sede de viver, que temos morta.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

De samba

Samba solto sempre sobra
Como sopa se sopra.
Algo quente solta o saborear
De sóbrios santos a dançar.

Samba canta solene a Saideira
Para sambar de brincadeira,
Salientemente sente respirar
Sombras e ventos do mar

Samba com o sol dança
Regado de sal e santas,
Saias e sapatos a juntar
Sem tempo pra parar!

Quando vais de sola ,soco e saco
Vens trazer o pato.
Assa,basta essa caça!
O samba não quer matar!

O samba soa sempre cínico,
Sério, sai a ser sobrado,
O samba síntese é soldado.
Na saliva,suaviza-se mímico

De Samba,que solto ao sereno, sempre sobra,
Quando sóbrios sentem o sorriso do sambar.
“Passam bar,Passam bar ,passam bares de bar”
Samba solto sempre sobra e seduz sua obra
De samba de moça suada e sua manobra!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Manhã de percepção

Sopros e cores de muitos amores.
E dores de poucas palavras feitas,
Tão mudas e brancas de sabores
Puros e antônimos de vida sem receitas.

Calçadas de anônimas multidões.
Imagens são forças de linguagens
Analfabetas de paixões,
Na mesmice de retrógadas passagens.

Enxerga-se com os olhos de não por sim,
Não se destrói os conceitos,
Vive-se em campo de preceitos.
Receios de algo que possa ser fim.

E o que passa... As eras.
E o que tu eras,
Entre o chá e o bocejo,
Entre os olhares e o beijo?

O espírito do tempo respirado,
Tragado,lentamente,de forma bruta,aspirado.
Na espera tem-se a vida -Vi da gruta que saí,
Por meio à chuva,que ter não é enxergar,não é sentir.-.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Na vida

Na vida,engolir o que há de existir,
Em si, é proeza e multiplicação,
Ou gota infinita de virtude.
Não há por que catar razão.

Enquanto tudo se expõe em uma praia rasa,
Povoando o deserto que é o estar,
Apenas pelo talvez que agita o peito em brasa
E prazer,o doce água-se no respirar.

Na vida,distorcer é essencial.
E quando doer,é de se gritar o por quê
Sem querer,contudo,saber.
A ventura é largada pra estrela da aventura.

Então o que há de graça no azar é sorte,e por menos,imbróglio.
A loucura está em querer sempre ser exatamente humano,
Que graça tola,fazer o que se acha é ilusório,
Ou negar a manhã do que é insano.

Viver é pouco mais que impulso
De se perder em qualquer tarde,
Catar qualquer rosto,na multidão,avulso
Eclodindo, pra ti,com todo alarde.

Na vida,há de se durar na busca pelo que nasce.

sábado, 14 de novembro de 2009

Alto de mim

No ponto mais alto
De um céu desmesurado e derramado
Sobre o peito de um salto
E de tantos que tivesse aclamado,
Imenso
Vejo ali, em risco, todo o viver meu
Vaidade esvaindo-se como incenso,
Um passo viajante pela morte que engrandeceu.
Romance meu,
Alcance meu,
Explosão que cresceu.

O barulho calmo do orvalho,
E o frio calor.
Fiz-me pensar por tal atalho,
Do sol a nascer do amor,
Brilho,derretido ao mar,
Bravo tão calado,sala de estar...

Pesando...
Pensando...
O quanto amo,
Assim estando,
Ao ponto que me chamo...

"Se não te amo mais,
Remota, ausente e baixa como estás,
Vejo e choro, saudoso, heróico, sangrado...
O quanto te hei amado."



;p edge

sábado, 7 de novembro de 2009

Fuga


Tanta força para fechar os olhos.
Vai sangrar.
Até sonhar.

Para aqui, não mais dormir.
Não mais sentir...laia
Fluir a alma, palma com calma.

Só...Maré de praia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

This road


This road cries all the spilt time over,
It´s so volatile…It´s so ripe
That makes faces in order to cover
All shadow ,all day ,all night.

Oh… a dust has settled to a source
From my eyes. to my eyes
Something ,in the sky, flies
In front of this road ,making my divorce.

A crime,my mind,my crime.
This road cries all the spilt time.

It´s blowing a gale that fail
Wresting my nail
And now i´m diving ,through this pain,on this road
Long long road.

That´s crying ,fastly, all the spilt remainder.

I don't know why nobody told me
How to unfold it loves
I don't know how a way controlled me
It got hold off me.
My road is a outflow,
That makes me don´t know
Live or love, a place to go.

So…

I will be blowing towards the sun ,and singing to feel,
On this road of my core ,
Or i´ll be sleeping to be a heart that's full up like a landfill.

domingo, 1 de novembro de 2009

A flor Anáfora

Num espaço seco,cortava um vento áspero,seco,não tão fugaz,seco,amareladamente quente,pois bem,seco.No entanto,luzia uma flor,sem cor,sem forma e sem mato.Sabia que existia,na fome,no abandono,no sonho esquartejado,no seco.Toda santa tarde não é tarde, se o sol não castiga,e tal lugar fazia jus à santa hora,à santa vida.A flor não pecava em suar,vislumbrava ser opaca e assoprava toda a existência esmiuçada.Não havia Estado sobre olhares messiânicos por noite,onde quem cantava era o silêncio,que até no vento já havia açoitado.Um calor em bege vulto e ermo...sem água vivia a flor Anáfora.

Era puro desaforo tal vivência a ponto,esporádico,de transumantes esfaimados sentirem pena da miséria mais aguda que a deles,tão forte,mas tão forte,que nem a morte tocava.Era,mais uma vez,a flor no meio do deserto.Pobre Anáfora,dor,dor,dor.Não morria,não chorava,pois se fosse assim,beberia.Queria tanto chorar e nada saia.Chora,chora,chora.A vontade se equivale a todas as anáforas acentuados com a gravidade de todo o universo,a tal ponto que somem-se as hipérboles,afim,de valer a externa e interna verossimilhança,a dor.O deserto é um sábio perverso,excitado,perversor da miséria,da nudez,da flor.

Em meio a mais uma tarde coercitiva, pousou sobre si um mutum,uma pequena ave negra.Seria a chuva?vestia uns olhos vermelhos,já não bastava ser quente o inferno,deserto.A flor não conseguiu reagir,pra ela,apenas uma nuvem,e se não for,pois bem,queria ir embora,a morte mais valia.Tal ave era a perversão,ser hedônico, ao mastigar Anáfora,que já não tinha forma.Gemia,gemia,gemia e sempre sem defesa.Gemia,sem que a voz tocasse os ouvidos do mutum.Gemia,como a força a deixava.Gemia,tão fraca,sem sangue,não morria.A ave fedia,fugia do deserto.Com as asas esfoladas,descansava sobre a miséria acentuada de um ser,que sentia sua vida na sede.

Anáfora,não sabia,não crescia,não morria,não bebia,não existia,mas sentia e sentia.A dor veio junto com a sombra,que ironia.Chegou a rir,ponto que,,já era tão esculachada a desgraça.Apenas faltavam as palmas para a comédia mórbida.O mutum gozou,matou a fome e se sentiu rei do único ser que vira em quilômetros de falta de existência.E se foi, para nunca mais voltar.

Lampejos ,trovões,que felicidade, a chuva....trovões...lampejos...em felicidade.O vento passa carregado-a ,em modo a limpar toda imundice do corpo,mastigado da flor,sem pudor.Que felicidade,gotículas da esperança de vidas,será que nascerão?-A passagem de um mutum,ao menos,significa uma possível visita da chuva-"BAWN".Trovões.Trovões,por onde desce essa água,que do egoísmo vem sem mágoa apenas para mostrar o quão forte é a vontade de quem não sente?Depois de tempos tão secos,sem vida,sem morte,de miséria,sem sorte.Trovões são,serão,nunca foram.Há de morrer a infelicidade de Anáfora,apenas por frações de instantes.Há de se inundar o deserto,para assim cobrir e reviver um jardim.sim?

Desce santa chuva,quanta terra a subir,tudo lama,Anáfora levanta.Procura a cor no marrom mais borrado,apenas por cerimônia,excita a luz negra,a branca,não importa é água.Água,finalmente água,e como beber?como se faz?Não sabe,apenas necessita,ou acha que sim,quer resposta à dor.Água,finalmente água.Corre tão forte,como a vontade...finalmente a água.E quando essa cai,em um estouro único e fulminante.Anáfora morre.Afogada.

Morre afogada.

Afogada.