Num espaço seco,cortava um vento áspero,seco,não tão fugaz,seco,amareladamente quente,pois bem,seco.No entanto,luzia uma flor,sem cor,sem forma e sem mato.Sabia que existia,na fome,no abandono,no sonho esquartejado,no seco.Toda santa tarde não é tarde, se o sol não castiga,e tal lugar fazia jus à santa hora,à santa vida.A flor não pecava em suar,vislumbrava ser opaca e assoprava toda a existência esmiuçada.Não havia Estado sobre olhares messiânicos por noite,onde quem cantava era o silêncio,que até no vento já havia açoitado.Um calor em bege vulto e ermo...sem água vivia a flor Anáfora.
Era puro desaforo tal vivência a ponto,esporádico,de transumantes esfaimados sentirem pena da miséria mais aguda que a deles,tão forte,mas tão forte,que nem a morte tocava.Era,mais uma vez,a flor no meio do deserto.Pobre Anáfora,dor,dor,dor.Não morria,não chorava,pois se fosse assim,beberia.Queria tanto chorar e nada saia.Chora,chora,chora.A vontade se equivale a todas as anáforas acentuados com a gravidade de todo o universo,a tal ponto que somem-se as hipérboles,afim,de valer a externa e interna verossimilhança,a dor.O deserto é um sábio perverso,excitado,perversor da miséria,da nudez,da flor.
Em meio a mais uma tarde coercitiva, pousou sobre si um mutum,uma pequena ave negra.Seria a chuva?vestia uns olhos vermelhos,já não bastava ser quente o inferno,deserto.A flor não conseguiu reagir,pra ela,apenas uma nuvem,e se não for,pois bem,queria ir embora,a morte mais valia.Tal ave era a perversão,ser hedônico, ao mastigar Anáfora,que já não tinha forma.Gemia,gemia,gemia e sempre sem defesa.Gemia,sem que a voz tocasse os ouvidos do mutum.Gemia,como a força a deixava.Gemia,tão fraca,sem sangue,não morria.A ave fedia,fugia do deserto.Com as asas esfoladas,descansava sobre a miséria acentuada de um ser,que sentia sua vida na sede.
Anáfora,não sabia,não crescia,não morria,não bebia,não existia,mas sentia e sentia.A dor veio junto com a sombra,que ironia.Chegou a rir,ponto que,,já era tão esculachada a desgraça.Apenas faltavam as palmas para a comédia mórbida.O mutum gozou,matou a fome e se sentiu rei do único ser que vira em quilômetros de falta de existência.E se foi, para nunca mais voltar.
Lampejos ,trovões,que felicidade, a chuva....trovões...lampejos...em felicidade.O vento passa carregado-a ,em modo a limpar toda imundice do corpo,mastigado da flor,sem pudor.Que felicidade,gotículas da esperança de vidas,será que nascerão?-A passagem de um mutum,ao menos,significa uma possível visita da chuva-"BAWN".Trovões.Trovões,por onde desce essa água,que do egoísmo vem sem mágoa apenas para mostrar o quão forte é a vontade de quem não sente?Depois de tempos tão secos,sem vida,sem morte,de miséria,sem sorte.Trovões são,serão,nunca foram.Há de morrer a infelicidade de Anáfora,apenas por frações de instantes.Há de se inundar o deserto,para assim cobrir e reviver um jardim.sim?
Desce santa chuva,quanta terra a subir,tudo lama,Anáfora levanta.Procura a cor no marrom mais borrado,apenas por cerimônia,excita a luz negra,a branca,não importa é água.Água,finalmente água,e como beber?como se faz?Não sabe,apenas necessita,ou acha que sim,quer resposta à dor.Água,finalmente água.Corre tão forte,como a vontade...finalmente a água.E quando essa cai,em um estouro único e fulminante.Anáfora morre.Afogada.
Morre afogada.
Afogada.