quinta-feira, 20 de março de 2014

Meu lugar (Repostagem)

Meu lugar

Meu lugar está tão cheio que as paredes se calam vazias,
O som de nada me arranha, meu olhos a clamam
Só que não enxergo, não enxergo.
Meu lugar tem chuvas dos pedaços de tetos inconcretos,
Carta com choros e coisas que nunca escreverei.

Dez guimbas amareladas, minha boca seca, meu amor rebelde,
Um disco quebrado do Caetano, a cama mal feita. O cigarro frio.
Dez mil noites com ventos afoitos contra a janela.
Fotos! Uma estrada infinita e comprimida em m²,
Risadas e silêncios de poesias que não rimam.

Uma guitarra sentimental e sem inspiração cai
No meu lugar os rostos estrangeiros se acalmam,
Os cheiros são largos!
Meu lugar é um labirinto infinito de orgulhos e vergonhas,
Selvas de alguns fins de carnavais; segundas- feiras mortas.
Segundos, segredos e sonhos senis.

Meus abismos se embrulham pelos lençóis da cama,
No meu lugar,

Habitam desordens românticas, umas frases ruins, lembranças
de beijos, festas e demissões. Liberdade e prisão!
Vinte pratos  pouco limpos e copos esquecidos pelos vícios
E plenitudes, ritmos loucos. Uma dor da saudade de Salvador,
Um medo carioca. Remédios rudes e clareza tênue.

Meu lugar pode ser tão cheio que as chaves eu acho sem querer
A luz de nada me umedece, meus olhos a clamam
Quando a enxergo, quando a chamo, quando canto.
Só que ela acha que eu quero ser vanguarda.

E o mundo se vai com um vento...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O Amor é imundo

O amor tem um pouco de lama com cerveja por cima,
Um pouco da casquinha do asfalto do meio-fio,
Nele a lua brilha.
Um pé ralado pela andança das contra-mãos
Faz mistério longe dos olhos, corre e venta o cheiro.
Suado e sujo, o amor é imundo.

O amor cresce no chão duro e encrespado, na maldade do bote
Estremece na amplitude abismática do suor e da lambida,
Da chuva podre e do límpido vendaval.
Não manda cartas, se perde e volta, é bruto e estúpido
Não se esmiuda pelo cheiro de mijo nas paredes do ambiente.
O amor é imundo.

No beijo morde, na pegada fode, chora litros, acende um
E sorri.
Topa a canela, esfola o mindinho, se chupa em sangue,
De novo se cria no chão, mancha a cama, ignora o abismo
Dança, dança, imundo.
O amor não gosta de banho.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Meu lugar

Meu lugar está tão cheio que as paredes se calam vazias,
O som de nada me arranha, meu olhos a clamam
Só que não enxergo, não enxergo.
Meu lugar tem chuvas dos pedaços de tetos inconcretos,
Carta com choros e coisas que nunca escreverei.

Dez cigarros sujos, minha boca seca, meu amor rebelde,
Um disco quebrado do Caetano, a cama mal feita
Dez mil noites com ventos afoitos contra a janela.
Fotos! Uma estrada infinita e comprimida em m²,
Risadas e silêncios de poesias que não rimam.

Uma guitarra sentimental e sem inspiração cai
No meu lugar os rostos estrangeiros se acalmam,
Os cheiros são largos!
Meu lugar é um labirinto infinito de orgulhos e vergonhas,
Selvas de alguns fins de carnavais, segundas- feiras mortas.
Segundos, segredos e sonhos senis.

Meus abismos se embrulham pelos lençóis da cama,
No meu lugar,

Habitam desordens românticas, umas frases ruins, lembranças
de beijos, festas e demissões. Liberdade e prisão!
Vinte pratos  pouco limpos e copos esquecidos pelos vícios
E plenitudes, ritmos loucos. Uma dor da saudade de Salvador,
Um medo carioca. Remédios rudes e clareza tênue.

Meu lugar pode ser tão cheio que as chaves eu acho sem querer
A luz de nada me umedece, meus olhos a clamam
Quando a enxergo, quando a chamo, quando canto.
Só que ela acha que eu quero ser vanguarda.

E o mundo se vai com um vento...

domingo, 23 de dezembro de 2012

Chuva

Lenta, leve , quente e fria
A chuva deita; na Tijuca, a rua escura canta..
Uma hora e pouca antes d`eu dar bom dia,
Rabisca o vento úmido em meu coração
As maiores lindezas da utopia.

domingo, 18 de novembro de 2012

Das caminhadas e outras mãos


Inaugura-se no caos, em luzes e tosses finas
Absurda, absurda.
A confissão de sua existência é o que há de melhor na paz,
E de incerto e perene em mim.

E suas mãos e jeitos, sua face posta num barco cintilante pelo asfalto -
Amante obtuso, essência linda, vida exânime da madrugada,
Me erram, me multiplicam e somem
Como um mal adormecido sonho, uma macia caminhada.

Nos teus lábios, colam-se beijos ainda que ontem,
 E se há tempo, alguns meus
Antes de amanhecer, ou, de ter razão pra ser.
Absurdos, Absurdos
Despedem-se sob a utopia de Deus.

Os momentos são tão frágeis, nunes e sinceros,
Que em meio a turbulência do pré-apocalipse das incertezas virtuais,
Inalo-os sem filtro, e desabo os meus porões.
E do teu abraço sugo a fugacidade e a eloquência de multidões,
sugo a queda, o sossego, sugo a vida
para o meu momento, para a tua boca, para os meus pulmões.



domingo, 30 de setembro de 2012

Sem dizer que as malas choram

Sem conhecer
Terras sem fim invadem meus olhos de solidão,
No escuro de um pequeno quarto...
Vivendo a claridade invasiva do Sertão.

Um barulho encravado de respirar,
Sobre pilhas de conforto.

Só que..

Um gole de sufoco ardido,
Um timbre no estômago
Pela saudade de" irá fazer, sem haver como ter feito."
Saudade do tipo "se pudesse estar lá".
Não há mais razão para goles de sentido.

Aí,
me vi Perdido nos terrenos abandonados, e imensos de cantar
As menores vergonhas das flores...
Só para contrapor e compor a dores mais bonitas:
Estar pendurado nas fendas de Chapadas sobre o serrado,
E sonhar...catarses.


Até acordar, fumando um cigarro
Olhando, pela janela, a distante companhia das luzes fugazes.