Os olhos formigavam na inconstante leveza de ser, um agravo sereno e inócuo levitava na planície da carne adormecida. Era a incerteza da promessa, um tensão que proporcionava cãimbras à alma, era a pura paixão materialista e egoista, respirando as mentiras de conversas e expectativas, que representavam um cunho um tanto quanto pedante para Ela. Precisava provar, registrar, fazer sofrer, para ter-se como existida, amada.
Pensava, esperando visitas, no ultimo dia de UTI. Já teve (sem saber o grau de dignidade do orgulho) a pura eloquência feroz na paixão pela negação, força maior do que a esquecida idéia de afirmar. Mas, destarte, fazia-se nostálgica e altruísta, impossível por ter de presente aos outros, a própria lágrima. Egoísta, em ênfase, por ver na matéria conquistas fúteis que alimentavam e alimentaram a sensação de felicidade, tendo a posse por e com amor.
Morreu, na prolixia de palavras como essas, esperando ser lembrada e levada no verso de alguma música,no canto escrito de alguma carta, no primeiro plano iluminado de algum retrato.
Morreu, soleníssima, e , ainda assim, limitada... A capacidade.
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